O CAFÉ
E O VALE DO PARAÍBA
O Café
O café se desenvolve em regiões tropicais ou subtropicais, produz flores com aroma semelhante a jasmim e frutos conhecidos como cerejas.
Dentro dos frutos há dois grãos protegidos por uma polpa e um pergaminho. Há mais de sessenta espécies de café, mas apenas duas são cultivadas no Brasil e importantes para consumo comercial.
A espécie Coffea arabica, da qual é feito o Café Arábica, possui gosto suave e aromático, é o único que pode ser vendido puro, sem nenhuma mistura com outra variedade de café. É mais delicada, se aclimata em grandes altitudes e exige um clima ameno, com a temperatura entre 15ºC e 22ºC.
A outra espécie é a Coffea canephora, conhecida como robusta que produz o Café Conillon. Esta é mais resistente às pragas e às intempéries, suporta até 29ºC mas em contrapartida não compõe uma bebida tão qualificada, seu sabor é mais amargo. No entanto, ambas as espécies precisam de 1.500 a 2.000 milímetros de água por ano e morrem quando a temperatura chega a abaixo de zero.
O Vale do rio Paraíba do Sul
O rio Paraíba do Sul, que da nome ao vale, nasce na serra da bocaina, na cidade de Areias no leste do estado de São Paulo e desagua no Oceano Atlantio na cidade de São João da Barra no norte do estado do Rio de Janeiro. O rio abastece 184 cidades, no entanto o nome Vale do Paraíba pode desenhar diferentes limites nas micro e mesorregiões em cada estado.
Apesar de não ser uma região definida pelo IBGE, o senso comum entende como Vale do Paraiba a região banhada pela bacia hidrográfica do rio Paraiba do Sul, ou seja, inclui seus afluentes e que se caracteriza não apenas geograficamente como uma zona de encontro dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, mas também como uma sociedade economica e culturalmente definida pela mistura destes três importantes estados do sudeste brasileiro.
História do Vale
O solo propício, terras em mata virgem e com muito recurso em água, o clima de temperatura amena, a proximidade do mercado e estradas utilizadas para o escoamento do ouro facilitando o transporte, foram aspectos da região que favoreceram o plantio e a exportação do café.
Nos séculos XVII e XVIII a busca de metais preciosos resultou em alguns caminhos e povoados tanto no Vale do Paraiba paulista, este mais antigo, como na parte fluminense do Vale. Com a corrida do ouro durante o século XVIII, a região foi cortada no sentido sul-norte, por rotas que levavam às Minas Gerais e aos portos exportadores de Angra dos Reis e Paraty, atravessando a Serra da Bocaina, ou do Rio de Janeiro através do Caminho Velho.
No entanto, a ocupação do Vale fluminense e mineiro foi muito mais expressiva e veloz devido ao cultivo de café, a partir do final do século XVIII. A região possuía uma economia de subsistência, e mais tarde de abstecimento da Corte no Rio de Janeiro, quando a escassez do ouro e a forte concorrência na produção de açúcar preocupavam a Coroa portuguesa. O café chega então no Vale do Paraiba como uma solução para o Brasil.
O processo de ocupação do Vale foi tão intenso que em 1820 não haviam mais terras desocupadas. A posse de terras nas mãos de poucas famílias provenientes da região mineradora ou portugueses, burocratas do Reino e do Império incentivados pelo governo resultou numa enorme concentração de poder político-militar e prestígio social ao longo do século XIX.
A associação do território do Vale com a produção e exportação do café foi generalizada de tal forma que deu às diferentes localidades da região uma identidade comum. O ciclo do café no Vale do Paraiba é portanto uma participação importante na história econômica e social do país.
O desmatamento da terra para uma plantação de café era feita por trabalhadores livres pobres, posseiros que viviam próximo ou agregados moradores da fazenda de favor ou por dívida paga com trabalho. Os escravos eram usados no plantio e no cuidado das mudas de café, fazendo as capinas quando necessário. Os mesmos escravos eram responsáveis pela colheita, transporte até os terreiros (em frente à casa-grande) onde também faziam a secagem dos grãos. Depois lavavam e beneficiavam, descascando e despolpando o café no pilão, ou mais tarde no monjolo.
O café (grãos) era então ensacado e transportado até o porto em lombo de burro pelos tropeiros. No caso de Bananal e Areias seguiam pela hoje rodovia dos tropeiros até Resende, Barra Mansa, onde era transportado em barcas pelo Rio Paraíba até Barra do Piraí. De lá seguia pela Estrada de Ferro Pedro II até o Rio de Janeiro, que depois estendeu os trilhos até Cachoeira Paulista.